menu
Lealdade Inquebrantável
Lealdade Inquebrantável entre o Cão e o Ser Humano

Desde as civilizações mais remotas, o cão tem desempenhado um papel ímpar na história da humanidade, não apenas como auxiliar nas tarefas práticas do quotidiano, mas, sobretudo, como símbolo perene de fidelidade, coragem e abnegação. A sua presença constante ao lado do homem, nas circunstâncias mais diversas, desde o campo de batalha ao lar familiar, constitui talvez uma das mais puras expressões de vínculo interespécies que a história regista.

A lealdade canina não se configura como resultado de imposição, adestramento ou utilidade. Antes, manifesta-se como um imperativo natural, livre de artifícios ou condicionamentos interesseiros. O cão não procura reconhecimento nem retribuição. Oferece-se por inteiro, com uma entrega silenciosa, absoluta e desprovida de cálculo.
 

Quando os vínculos humanos se esboroam ao sabor das conveniências ou das fraquezas morais, o cão permanece. Onde muitos hesitam, ele avança. Onde há abandono, ele resiste.


Há uma solenidade quase metafísica no olhar de um cão leal, uma comunicação que transcende a palavra e atinge de forma directa o âmago da nossa condição humana. Ele pressente a dor antes de ela ser confessada, identifica o perigo sem necessidade de sinais e permanece ao lado do seu guardião mesmo quando o mundo parece ruir.

Nos tempos actuais, marcados por uma crescente liquefacção dos valores, por relações efémeras e por um certo desinteresse pela permanência e pela honra, a presença de um cão leal assume um valor quase civilizacional. O cão recorda-nos, a cada dia, que a fidelidade, o dever e a constância não são virtudes ultrapassadas, mas antes pilares inabaláveis da verdadeira convivência.

É nesta perspectiva que evoco o exemplo concreto do meu companheiro K9 Lanzer, animal de trabalho, sim, mas antes disso espírito nobre, sentinela silenciosa e amigo irrepreensível. A sua conduta quotidiana, marcada por disciplina, afecto e firmeza, constitui uma lição viva de integridade e entrega. Em Lanzer encontro não apenas um colaborador de excelência, mas uma referência moral cuja presença me honra e cuja lealdade me inspira.

Mais do que um testemunho pessoal, estas linhas pretendem ser um apelo à valorização daquilo que é duradouro, leal e moralmente firme. Numa época de transitoriedade e superficialidade, a relação entre o homem e o cão emerge como exemplo concreto de que a fidelidade continua a ser possível, desejável e nobre.

César DePaço