menu

César DePaço

A história ensina-nos que as nações não perecem apenas sob a pressão de inimigos externos, mas sobretudo quando permitem que os seus fundamentos internos sejam corroídos por ideologias dissolventes. É nesse terreno que hoje se trava a grande luta entre liberalismo e conservadorismo, duas concepções antagónicas da vida, da ordem e da liberdade.

O liberalismo moderno, que se apresenta como emancipador e progressista, acabou por se converter numa força destruidora da própria sociedade que o acolhe. Nas cidades onde vigora em absoluto, assiste-se ao abandono das famílias, ao desrespeito pela lei, à degradação dos espaços públicos e à expansão da criminalidade. O liberal proclama a libertação de todos os vínculos, mas ao fazê-lo entrega a comunidade ao caos. Onde impera esta ideologia, erguem-se prédios luxuosos ao lado de bairros em ruína, multiplicam-se promessas de igualdade ao mesmo tempo que cresce a violência contra os mais frágeis, e fala-se de direitos ao mesmo tempo que se desprezam os deveres mais elementares.

Quando é contradito, o liberal recorre frequentemente à violência das ruas, organizando protestos destrutivos que deixam para trás destruição, incêndios e medo. O conservador, ao contrário, exprime as suas convicções no silêncio da oração e no respeito pela ordem, jamais confundindo o exercício da liberdade com o vandalismo e a desordem.

Nas cidades administradas por maiorias liberais, este paradoxo torna-se ainda mais evidente. De um lado, proclamam o “defund the police” como bandeira ideológica e retiram meios humanos e materiais às forças da ordem. De outro, esperam que esses mesmos agentes, privados de recursos e desmoralizados, cumpram a sua missão com a mesma eficácia de outrora. É uma contradição flagrante: enfraquece-se deliberadamente a autoridade policial e, ao mesmo tempo, exige-se dela resultados impossíveis, como se a lei pudesse ser aplicada com palavras de ordem em vez de instrumentos adequados.

O conservadorismo, em contrapartida, não se limita a resistir, mas propõe uma visão ordenada e digna da vida humana. O conservador reza, porque sabe que a sociedade não se sustenta unicamente sobre cálculos de poder, mas sobre princípios morais e espirituais que transcendem as conveniências imediatas. O conservador defende a família, porque nela reconhece a célula vital onde se formam os cidadãos e se transmite a herança cultural. O conservador respeita a lei, porque compreende que sem ordem não há liberdade duradoura. E quando defende a tradição, não o faz por apego cego ao passado, mas por saber que o futuro só pode florescer sobre raízes firmes.

 

O conservadorismo não se limita a resistir, mas propõe uma visão ordenada e digna da vida humana. O Conservador reza, porque sabe que a sociedade não se sustente unicamente sobre cálculos de poder

 

Entre uma e outra visão há diferenças práticas que a realidade confirma. Onde o liberalismo radical prevalece, as praças tornam-se palco de slogans passageiros e as ruas convertem-se em espaços de medo. Onde o conservadorismo se mantém, subsistem a ordem, a dignidade e a esperança. O liberal apregoa a dissolução de fronteiras e a relativização de valores, o conservador recorda que toda a liberdade requer responsabilidade e que não há verdadeira justiça onde falta disciplina.

O liberalismo sem freio conduz à fragmentação social e à decadência moral. O conservadorismo, pelo contrário, sustenta-se na oração, na autoridade e no respeito pelos princípios eternos. Um abre as portas ao nilismo e ao vazio, o outro protege a continuidade histórica de um povo. A escolha que se impõe não é apenas entre partidos ou programas políticos, mas entre dois caminhos de civilização. Um leva ao esfacelamento da vida comunitária, outro garante a coesão necessária para que uma sociedade permaneça livre e forte. É por isso que, apesar das vozes que procuram ridicularizá-lo, o conservador, ao rezar e ao defender valores permanentes, é quem mais fielmente assegura a sobrevivência da liberdade. Pois, como ensinava Aristóteles, a ordem é a primeira condição da liberdade. Sem ordem e sem raízes, toda a proclamação liberal não passa de ruído passageiro.

 

César DePaço
Empresário / Filantropo Cônsul ad honorem de Portugal (2014 a 2020)
Fundador e CEO da Summit Nutritionals International Inc.
Presidente da Fundação DePaço Defensor incondicional das Forças de Segurança e dos Princípios Conservadores


Fonte: LusoAmericano