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Num tempo em que muitos parecem confundir direitos com caprichos e liberdade com laxismo, impõe-se relembrar com serenidade, mas também com firmeza, o papel insubstituível das forças da ordem no resguardo da civilização. E, neste labor silencioso e por vezes ingrato, há servidores que não usam uniforme humano, nem pronunciam palavras, mas que, com um olhar atento e um faro infalível, têm servido a justiça com abnegação e coragem. Refiro-me, naturalmente, aos cães policiais, os K-9, verdadeiros heróis de quatro patas.

César DePaço e o seu canídeo de defesa pessoal, “Lanzer”

César DePaço e o seu canídeo de defesa pessoal, “Lanzer”

A génese da colaboração entre o homem e o cão no domínio da segurança pública remonta aos primórdios da organização social. Desde os tempos do Império Romano, em que se utilizavam molossos para vigiar acampamentos e perseguir fugitivos, até às modernas unidades cinotécnicas das polícias contemporâneas, a parceria tem-se revelado não apenas útil, mas decisiva em inúmeros momentos críticos. Hoje, mais do que nunca, perante ameaças difusas e crimes cada vez mais sofisticados, os K-9 são auxiliares indispensáveis no combate à criminalidade e no reforço da autoridade do Estado.

Não se trata apenas de cães farejadores ou de perseguidores de malfeitores. Um cão policial é, por definição, um agente da lei, disciplinado, treinado e leal. É capaz de identificar substâncias ilícitas com uma precisão que nenhum aparelho digital iguala. É apto a localizar vítimas em escombros de catástrofes naturais ou atentados. É um dissuasor natural perante o criminoso e um defensor intransigente do seu condutor, o polícia com quem forma uma dupla indivisível, onde a confiança mútua é absoluta.

Mais do que instrumentos de trabalho, estes cães são símbolos vivos da fidelidade à missão, da entrega sem reservas e da coragem sem vaidade. Nunca pedem aumento, nem gozam férias. Dormem, muitas vezes, ao lado do fardamento do seu condutor e morrem, quando tal se impõe, para que outros vivam. Quantos entre nós, humanos, poderíamos afirmar o mesmo?

A instrução de um cão policial não se improvisa. Requer meses de treino, investimento considerável e uma selecção criteriosa das raças e dos exemplares mais aptos. No entanto, é precisamente neste esforço que se revela a seriedade de uma nação no que respeita à protecção dos seus cidadãos. Um Estado que investe em unidades K-9 é um Estado que compreende que a segurança não é um luxo, mas um dever fundamental, e que reconhece na ordem pública um bem colectivo de valor incalculável.

Infelizmente, num mundo cada vez mais entregue a um sentimentalismo ingénuo e a uma ideologia anti-autoritária que tudo desculpa e tudo relativiza, há quem veja nos cães policiais uma alegada forma de militarização da vida civil, como se proteger a criança do raptor, o lar do assaltante ou a rua do narcotráfico fosse acto repressivo e não expressão de civilidade. A esses, dirijo-me com o respeito que me merece qualquer cidadão de boa fé, mas também com a franqueza de quem recusa o discurso fácil: não há liberdade sem segurança, nem civilização sem lei.

Os K-9 representam, pois, essa fronteira moral onde a força se submete à justiça e onde a violência é contida pelo dever. Eles não conhecem ideologias, nem se deixam corromper. Trabalham em silêncio, obedecem com diligência e enfrentam o perigo com uma dignidade que comove os que ainda possuem a capacidade de admirar o que é nobre.

Resta-nos, como sociedade, não apenas reconhecer o seu valor, mas protegê-los, dignificá-los e dotar as nossas forças policiais dos meios necessários para manter e expandir estas unidades. É também uma questão de gratidão, gratidão para com aqueles que, sem nunca exigirem reconhecimento, nos defendem com os dentes se preciso for, mas sempre com a honra que só os verdadeiros servidores do bem possuem.

Que o futuro nos encontre à altura da coragem dos nossos cães policiais. E que saibamos, enquanto é tempo, continuar a escolher a ordem em vez do caos, a lealdade em vez da traição e o dever em vez da indiferença.

 

César DePaço | Empresário | Filantropo
Cônsul ad honorem de Portugal (2014 a 2020)
Fundador e CEO da Summit Nutritionals International Inc.
Presidente da Fundação DePaço
Defensor incondicional das Forças de Segurança e dos Princípios Conservadores